Em seu primeiro mandato, a deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) é um dos nomes que se destaca na Assembleia Legislativa. Jovem, aos 39 anos, a professora e assistente social, moradora da periferia da capital, na região Leste, já entrou para história ao ser eleita na legislatura que, pela primeira vez, elegeu mulheres negras em Minas Gerais. Já apresentou 18 projetos de lei, tendo inclusive aprovado alguns deles nas áreas ambiental, de proteção de direitos das mulheres e das pessoas com deficiência. É coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e da Adolescente. Confira a entrevista com a parlamentar, que já foi subsecretária de Participação Popular da Prefeitura de Belo Horizonte, e coordenadora-geral da Associação Pré-UFMG, responsável pela inserção de milhares de jovens de baixa renda em universidades públicas.
A senhora foi mãe do seu terceiro filho recentemente. É possível conciliar política com maternidade? O que diria para as mulheres que querem disputar uma eleição?
Durante muito tempo nossa sociedade cultivou a cultura de que a política é um ambiente para os homens. Até hoje este é um ambiente machista. Só tem um jeito de mudar isso: as mulheres ocuparem este espaço e mostrarem sua força e que são capazes. Acredito que estamos neste momento. A participação delas na política cresce, e elas são, cada vez mais, lideranças jovens. Elas têm que saber que podem conciliar a maternidade com a vida pública. As mulheres que ocuparem uma cadeira na Câmara, na Assembleia, ou até numa grande empresa, não podem se sentir culpadas por querer vivenciar a maternidade. Eu diria para manterem suas lutas e acreditarem. É possível disputar uma eleição, conquistar um espaço e trabalhar pelo que se acredita.
Você tem algum projeto voltado para as mulheres?
Apresentamos alguns, sim. Um deles é para que as escolas públicas ensinem noções básicas sobre a Lei Maria da Penha. Outros dois são para as vítimas de violência doméstica. Um deles, o PL 176/2019, já transformado em lei, cria um banco de empregos para vítimas de violência doméstica. A Lei 23.680 determina que as vagas sejam criadas observando a vocação profissional da beneficiária e os padrões de remuneração praticados no mercado de trabalho.
Outra proposta nossa, prevê destinar unidades de programas de habitação popular para essas mulheres, e outro cria um banco de empregos para elas. Também pautei audiências públicas para discutir o fortalecimento das mulheres, como a autonomia financeira delas.
A senhora pertence ao bloco de oposição, mas foi hábil ao dialogar com o Governo do Estado e até conseguir medidas que beneficiam a população. A chamada nova política passa por aí?
Sempre fui uma defensora do diálogo. Chegar a consensos e construir soluções que, na prática, resultam em políticas públicas, em melhoria dos serviços prestados à população é mais importante que disputas internas ou debates que não resultam em ações palpáveis para as comunidades.
Quais os planos para os próximos anos de mandato?
Sou uma das coordenadoras da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, por isso, assuntos como ensino integral, alimentação nas escolas, aprendizagem profissional, abusos sexuais contra crianças são sempre temas que pautamos. Também nos dedicamos muito a políticas públicas sustentáveis e que tenham a participação popular, que possam gerar emprego. Quero contribuir para o fortalecimento da participação feminina na política e mostrar para todas as pessoas que elas podem e devem estar na Assembleia, ser ouvidas e colocar suas demandas.
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